Quantas vezes não indagamos o porquê de muitas pessoas não valorizarem
como objeto de conhecimento a cultura de rua, as práticas sociais, entre outras
situações as quais só encontramos no ambiente externo à escola? Por vezes desprezamos
que o desenvolvimento cognitivo existe somente numa interação dialógica entre o
sujeito e o objeto de conhecimento a partir da referencia biografica deste
mesmo sujeito.
Pensar em educação implica pensar numa serie de coisas, afinal, como
dizia Paulo Freire: “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, em
outras palavras, antes de sabermos, ou desenvolvermos determinada informação
como “conhecimento”, lidamos com uma situação empírica, onde, a partir de
nossos referenciais biográficos, atribuímos valores hierárquicos sobre os
objetos cognoscíveis.
Socialmente somos tão condicionados, pelos padrões privados de cultura e
educação, que não damos valor a vasta circulação de informações contidas em
nossos ambientes de convívio cotidiano, esquecendo que aprendemos no breve papo
durante o intervalo entre as aulas, lendo um livro, brincando no jardim e
quando mergulhamos nos próprios pensamentos, enquanto observamos uma bela
paisagem. Enfim, aprendemos a todo o momento e durante toda a vida.
Lamenta-se muito quando alunos são convidados a trabalhos de campo,
durante as oficinas, ou mesmo a outros momentos de socialização, em que os
mesmos consideram supérfluo. Nestes momentos percebemos como a estrutura de
escolarização tradicional, onde valoriza-se a imponência do professor e os
conteúdos rigidamente “didáticos”, cristalizou-se nestes educandos e, quebrar
essas posturas doxas torna-se um trabalho contínuo a ser praticado a quem está
disposto a uma proposta mais construtivista.
A questão é:
como fazer com que as pessoas de nosso convívio social próximo percebam que a
vida é uma escola sem muros, sem privações de opinião, algo a ser apreendido,
questionado e refletido? Como fazer para que a educação seja uma prática para a
liberdade e não uma extensão ou reprodução do sistema tradicional?
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